quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

DENÚNCIA DE RACISMO E EXPLORAÇÃO DE TRABALHO ESCRAVO DE ANGOLANA NA PARAÍBA

Caras companheir@s,



Este ano, tem ocorrido vários casos de violência racista, sexista e de intolerância religiosa contra pessoas negras africanas e brasileiras aqui na Paraíba.

Ontem chegou ao nosso conhecimento (Bamidelê - Organização de Mulheres Negras) mais um caso cometido contra uma jovem Angolana, Felícia, que foi trazida para João Pessoa por um casal de empresários com promessas de trabalhar, estudar e melhorar suas condições de vida, porém desde que chegou, em abril/2010, vem sendo explorada pelo casa. Chegando a ficar doente (fez cirurgia de vesícula) e não podendo mais trabalhar, Felícia foi “descartada” pelo casal sem nenhuma indenização. Trata-se de uma situação de violação total dos direitos humanos.

O caso chegou ao conhecimento da Advogada Laura Berquó que encaminhou os procedimentos jurídicos (DEAM, MPF, MPT, PF). A Bamidelê foi procurada, por elas, para dar apoio político neste caso, mas achamos fundamental ampliar esse apoio com outras Organizações, articulações, Movimentos, Redes e Fóruns que atuam na luta pela efetivação dos direitos humanos das mulheres e da população negra.

Desta forma, estamos solicitando apoio para visibilizar o caso – pois ela está numa situação de irregularidade no país (na verdade, ela foi colocada nessa situação).

Já entramos em contato com a Embaixada de Angola em Brasília e hoje, ás 14:30H, conversaremos com o Embaixador por telefone.

Já foram feitas entrevistas para algumas emissoras locais e estamos divulgando na mídia local.

Nesse momento, Felícia foi (acompanhada da Advogada e representante da Bamidelê) para a DEAM.

Obs: a Rede de Mulheres e a AMB já se posicionaram favoráveis.

Segue relato do caso.

DENÚNCIA DE RACISMO E EXPLORAÇÃO DE TRABALHO ESCRAVO DE MULHER AFRICANA NA PARAÍBA


FELÍCIA AURORA desde o mês de abril de 2010, vem sendo explorada por casal de empresários brasileiros no estado da Paraíba. FELÍCIA é Angolana e veio ao Brasil a convite do casal brasileiro, que propôs que a mesma viesse trabalhar como empregada doméstica na residência do casal, prometendo-lhe residência, salário mínimo, segundo eles, a moça trabalharia durante meio período e noutro poderia estudar, que era o principal objetivo da angolana.

Aqui chegando passou a ser explorada pelo casal, fazia trabalhos domésticos durante a manhã, a tarde e a noite trabalhava na sorveteria do casal, trabalhava durantes os finais de semana na sorveteria e ainda era obrigada a distribuir panfletos na rua. A jovem tem sido vítima de constantes ameaças.

A situação da moça angolana é seríssima tendo em vista a gravidade da situação em que ela foi exposta em solo Paraibano. Além de violar normas da legislação interna, quais sejam, Leis trabalhistas, a Lei Maria da Penha e outros crimes previstos no Código Penal essa exploração viola ainda tratados e convenções internacionais sobre Direitos Humanos. Casos dessa natureza tem colocado o Estado da Paraíba em posição de violador direto de direitos inerentes à pessoa humana.

É necessário dizer que este ano ocorreram outras denúncias de racismo e intolerância na Paraíba em relação à população negra brasileira e africana, o que se começa a questionar a postura da sociedade paraibana frente ao racismo e das autoridades competentes no tratamento desses casos.

O respeito a dignidade humana inerente à todas pessoas, independente de cor, raça, religião, nacionalidade, ou qualquer outra forma de discriminação está garantido em legislações e tratados nacionais e internacionais e precisa ser efetivado para que casos com esses não se tornem recorrentes em nossa sociedade.

Para a efetivação dos direitos de Felícia é fundamental o apoio tod@s. Principalmente dos movimentos negros, de mulheres e feminista que, historicamente, vem pautando a luta pelo fim da violência machista, sexista e racista cometido contra as mulheres e tem se colocado contra toda ação que viole os direitos humanos das mulheres.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Com a intenção de aumentar a discussão acerca da importância da real e efetiva implementação da Lei 10.639 no ensino público e privado, tendo em vista a importância que população africana representa para a construção de uma identidade brasileira, bem como a necessária discussão sobre as Ações Afirmativas no Ensino Superior no estado da Paraíba, a Bamidelê estará realizando um debate sobre os temas acima mencionados, no dia 16/12 a partir das 16h, no SINTEP.




O evento contará com a colaboração de professores e professoras que farão uma exposição sobre este tema de grande importância para se perceber o contexto de desigualdade social e injustiça tamanha, na qual imensa parte da população brasileira está inserida. Ainda terá, como parte cultural do evento, a belíssima apresentação do Coral Voz Ativa e com a sempre sensível apresentação das Cirandeiras de Caiana dos Crioulos.



Neste evento haverá o pré-lançamento do vídeo "Mulheres Negras Quilombolas: A luta por direitos em Caiana dos Crioulos", trabalho este que é fruto da construção de um longo trabalho com a OMNCC (Organização de Mulheres Negras de Caiana dos Crioulos"), onde além das imagens que puderam ser capturadas pelas lentes da câmera, deixa na memória de todas e todos que colaboraram de alguma maneira com este resultado, um grande orgulho de poder dar voz estas moças que, historicamente, se viram silenciadas, agora podem serem vistas e, principalmente, serem ouvidas.



Convidamos a todas e todos para este prazeroso evento!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lançamento da campanha "Por uma infância e adolescência sem racismo"

Amanhã será lançada a campanha "Por uma infância sem racismo" realizada pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em parceiria com organizações estatais e não-estatais. O lançamento desta campanha simboliza o início de um grande trabalho, que é a Educação para o Não-racismo. Sabe-se que o racismo não é hereditário, tampouco tem explicações biológicas ou científicas. O racismo é sim, ensinado na sociedade, na escola, até mesmo dentro de casa muitas crianças crescem com a noção equivocada de que existem pessoas "superiores" as outras, o que causa sérias consequencias na maneira pela qual esta criança irá crescer dentro da sociedade.
Por isso a campanha "Por uma infância e adolescência sem racismo" é de fundamental importância, pois é neste momento que se pode ensinar lições de respeito e de amor, convivência e interação com a diversidade, com tudo que é diferente, afinal somos tod@s diferentes, nascemos diferentes, mas somos dign@s, merecedores e merecedoras de igual respeito.

Participe da campanha!